sábado, 7 de janeiro de 2012

Nouvelle Perspective - Parte 4


Logo ao chegar em casa ignorei a presença de todos no hall e fui diretamente ao meu quarto. Tirando e o arremessando ao chão meu paletó, arregacei as mangas de minha camisa azul marinho, a desabotoei um pouco mais e peguei em minha bancada uma garrafa de vodca que costumava tomar. Quando menos percebi ela já havia chegado ao seu fim, mas ainda precisava de algo mais. Vasculhei mais um pouco entre coisas aleatórias e encontrei uma garrafa de uísque na qual havia guardado especialmente para situações como a que eu me encontrava. E os goles se repetiram e se foram da mesma maneira como a garrafa anterior, porém parecia pouco, muito pouco perto da ânsia que tomara conta de mim, uma ânsia de um desejo destrutivo, mortal onde por mais que eu pudesse beber, não iria passar. E tudo que eu conseguiria seria apenas um belo rombo em meu fígado causado à longo prazo por uma cirrose digna de um vagabundo desolado, tendo como principal causa uma vadia de olhar estonteante e corpo escultural, mas ainda sim não deixava de ser uma vadia.
- 2 litros? 4? O que me importa, sempre fui uma merda com números mesmo. - Disse deitando em minha cama olhando para as duas garrafas já altamente embriagado e apagando sem me dar conta do que eu havia feito e dito e muito menos com qualquer noção cronológica. No dia seguinte, fui acordado com a luz solar incidida pela janela ao lado de minha cama com as cortinas escancaradas. Atendendo às necessidades do meu corpo, me levantei com muita dificuldade derrubando uma das garrafas no chão e me arrastei ao banheiro do meu quarto, não me atrevendo ao menor contato visual com o espelho, apenas uma lavagem rápida no meu rosto com água da torneira e uma fracassada tentativa de vomitar. Tirei o resto das minhas roupas e voltei a dormir mais um pouco porém acordado num breve momento póstumo por uma voz muito familiar.
- Já estive em muitos bordéis antes, mas os homens não costumam sair desse jeito. - disse Sebastian, vizinho de minha mansão e meu melhor amigo, encostado em minha porta.
- Suma daqui. - disse ainda entorpecido.
- Seu quarto está fedendo a orgasmos de courtesans e uma combinação muito mal sucedida de urina de criança. - Respondeu colocando seu chapéu no topo de um cabide vertical e se aproximando de mim.
- Há 10 anos eu soube que você era impertinente, mas só agora descobri que é surdo também. - Respondi me sentando na borda de minha cama e massageando minha cabeça.
- Isso meu caro, é culpa sua, nada teria acontecido se tivesse escutado sua mãe e... Cacete Alaster, que fedor é esse, você engoliu um urubu ontem?! - Disse tapando seu nariz e abanando o ar com a outra mão.
- Você está do lado de quem? Fala como se não conhecesse minha mãe! - O encarei.
- Mas uma prostituta, Alaster?!
- E o que são as mulheres da realeza?! Estou a ponto de completar a lista de reis que ainda restam para minha mãe transar em plena cerimônia, não seja hipócrita Sebastian! - Bravejei me levantando e olhando em seus olhos azuis.
- O que eu estou querendo dizer é que o problema não é você ter se apaixonado, irmão. Mas sim, não saber o que realmente é, somos boêmios, acreditamos em tal sentimento. Mas não podemos nos dar ao luxo de se entregar a uma mulher cuja faz disso um instrumento de comércio. 
- O que quer dizer, durante 8 meses vivi uma ilusão?
- Pense o que quiser meu amigo, ontem pude ver como chegou em casa e vim saber se estava bem.
- Obrigado, mais uma vez, irmão. - Sorri amareladamente.
- Por nada - respondeu sorrindo e abraçando-me - Mas por favor, se puder botar uma calça, pelo menos, eu agradeceria. - Afastou-se de mim com uma expressão de desgosto.
- Vá à merda.
- É, boa ideia, vou indo pra cidade, quero dar um passeio ao ar livre. E Alaster, soube que irá se casar com a  cadelinha britânica. - Afirmou apanhando seu chapéu e se aproximando da porta.
- Sim, eu vou.
- Um conselho não de um irmão de coração, mas de um amigo: não faça isso. Cuide-se, até a vista. - Saindo e encerrando nossa conversa, fiquei refletindo sobre o que Sebastian havia me dito e no fundo, ele estava coberto de razão.
Mais tarde, quando minha família havia saído para jantar fora, fui para a sala de estar ouvir um pouco de música e ler um jornal com a porta entreaberta, notei que havia alguém no hall. Sem que pudesse ser notado, olhei pela fresta para ver se poderia ser algum ladrão ou invasor, mas quando dei por mim não acreditei no que estava acontecendo. Saí lentamente e fui ao seu encontro, não podendo crer sobre seu atrevimento, digno de uma prostituta.
- É muita ousadia para uma única mulher. - Disse indo em sua direção.
- Alaster, precisamos conversar. - Respondeu Juliete.

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