Nunca gostei de contos de fadas, bem como nunca perdi meu tempo com qualquer história de amor. Essa é a postura na qual a maioria dos homens tomam com relação à paixão e romance. E tudo isso passa a se tornar algo infantil e feminista, onde todo aquele sentimentalismo é tachado como fraqueza, anti-machista e até mesmo como homosexualismo. Entretanto, o irônico de tudo isso é como toda esta ignorância é deixada de lado por causa de uma... Mulher. E quando isso acontece meu amigo, qualquer romance passa a ser ridículo e insignificante, a não ser o seu próprio.
Em Paris, tudo ao seu redor cheira a luxúria, futilidade e ostentação. Isso quando você faz parte da elite francesa, classe social na qual eu pertencia. Eu era filho dos Duques franceses Aldebaran e Desiré Chevalier, e naquela noite estávamos prestes a receber toda a elite européia em um evento que ocorre anualmente e este ano, seríamos os anfitriões. Mas eu não planejava fazer parte da realeza, não hoje.
- Alaster! - Disse minha mãe entrando em meu quarto.
- O que você quer? - Perguntei terminando de me arrumar.
- Arrume-se logo, o evento começará em meia hora. - Avisou.
- Não importa, não pretendo estar aqui esta noite. - Encerrei.
- Aonde pensa que vai? - Perguntou com tom de sinismo.
- Eu não sei, Paris é imensa! - Ironizei.
- Não hoje meu filho, esta noite você não sairá daqui.
- Apenas mande meus cumprimentos ao rei inglês e amanhã, me avise quando será o casamento de vocês. - Respondi me olhando no espelho.
- Moleque insolente! - Gritou minha mãe estapeando meu rosto. - Arrume-se logo e trate de colocar um sorriso nesse seu rostinho.
- Francamente, você fede. - Saí irado de meu quarto indo em direção ao Hall principal.
- Hei pirralho, aonde vai? A festa vai começar daqui a pouco! - Indagou Argost, meu irmão mais velho, parando-me no corredor.
- Aonde vou, não lhe diz respeito. - Respondi tirando-o do meu caminho.
- Melhor assim, sobram mais mulheres para mim. - Ignorando-o desci as escadas encontrando meu pai e antes que pudesse dizer alguma coisa, não disse aonde eu estava indo, apenas que iria dar uma volta. Tomei as chaves do meu carro e saí de minha mansão.
Não havia a menor idéia de onde ir, mas eu havia ouvido rumores de um clube masculino muito bom chamado Le Chat Noir então resolvi ir até lá. Quando cheguei, fui imediatamente assediado por várias Courtesans, apesar de aparecer muito pouco na cidade, todos conheciam a mim e a minha família. Mas ignorando a todas fui de encontro a uma mesa onde o dono do estabelecimento veio pessoalmente dar seus cumprimentos à mim.
- Senhor Chevalier! Que honra ter o senhor em meu clube, meu nome é Dom Pietro às suas ordens. - Disse ele apertando minha mão.
- Muito obrigado, estou procurando um pouco de distração e soube que seu clube é um dos melhores de toda Paris. - Respondi cumprimentando-o de volta.
- É o melhor de todos meu senhor! Lhe garanto que não encontrará moças mais belas do que as presentes aqui! Mas me diga o que posso fazer pelo senhor? - Perguntou me conduzindo ao salão principal.
- Por enquanto apenas uma mesa discreta, não quero chamar mais atenção.
- Muito bem, esta aqui está de acordo com os gostos do Duque? - Perguntou ele apontando para uma mesa bem à minha frente.
- Está perfeita, muito obrigado. - Agradeci me sentando.
- Ótimo, seja o que precisar, pode chamar qualquer uma de minhas Courtesans, garanto-lhe que será uma honra para cada uma atendê-lo jovem Duque! - Disse ele voltando para a entrada do local.
O lugar era muito bonito e realmente fazia jus à fama que tinha, principalmente pelas Courtesans. São todas maravilhosas, mas nenhuma chamara minha atenção. Isso até o show começar, onde a vi pela primeira vez, tão radiante, tão linda. Era como se cada luz do local a procurasse para iluminá-la e ela era tudo que meus olhos conseguiam enxergar. Eu não sabia quem era ela, mas precisava conhecê-la. Após sua apresentação, perguntei a Dom Pietro onde podia encontrá-la e então fui até os camarins atrás do palco onde lá estava ela terminando de tirar sua maquiagem.
- Olá. - Disse me aproximando.
- Olá cavalheiro, como posso servi-lo? - Respondeu ela um pouco surpresa.
- Estava observando-a e me admirei muito com sua apresentação. E quero passar minha noite com você. - Disse olhando em seus olhos.
- E o que o faz pensar de que serei sua esta noite? - Indagou com certo charme.
- Você é uma réles courtesan, eu sou o filho do Duque francês. Sua obrigação é me obedecer e minha ordem agora é: me dê o seu melhor. - Ordenei.
- Me sinto lisongeada em saber que alguém tão importante como o senhor escolheu a mim para satisfazê-lo, mas devo lhe dizer meu Duque, para ter a mim deverá ser mais gentil. - Alertou.
- Não se preocupe, garanto que terá a melhor noite de sua vida. - A encarei.
- O senhor é tão convicto de si. - Respondeu me devolvendo o olhar abrindo um sorriso amarelado.
- Um homem na minha posição não pode se deixar levar pela insegurança. - Disse me aproximando de seu rosto.
- E nem mesmo pelo calor de uma mulher? - Indagou passeando um de seus dedos pelo meu peito.
- Foi isso que vim buscar aqui. - A encarei novamente.
- Muito bem, acabou de encontrar o que procurava, cavalheiro. - Sorriu encostando-se sobre mim.- Me chame apenas de Juliete. - Disse ela me beijando e me empurrando para sua cama. É incerto dizer que esta havia sido a melhor noite de sua vida, mas eu tinha a absoluta certeza de que aquela mulher não era uma simples Courtesan.

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