quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nouvelle Perspective - Parte 2

Se passaram cinco dias desde meu encontro com Juliete. Não demorou muito para esses cinco dias se tornarem dois meses passados e o tempo não parava de girar.E em todas as noites lá estava eu presente em seu quarto após cada apresentação sua, era inexplicável o quanto me encantei por aquela mulher, assim como era inaceitável para minha família tudo que eu estava fazendo. Mas eu não precisava de qualquer consentimento ou bênção, meu espaço na elite francesa não fazia a menor diferença para mim, bem como um lugar a menos na mesa de jantar não seria notado.
A preocupação não era com quem eu me envolvia e sim quem se envolvia comigo. A imagem que minha família possuía em toda França perante o resto da Europa chegava a ser maior do que qualquer laço familiar, estava acima até mesmo de qualquer autoridade, até mesmo de nós. Entretanto, como já disse, para mim isso não tem valor algum, tudo que eu podia ver, aliás, o que eu queria ver era aquela courtesan ser minha a cada dia que passasse. Estava saindo do meu quarto aquele dia quando passei pelo quarto de meus pais com a porta semi aberta quando notei que falavam sobre ela. Me encostei na parede e claro, não pude deixar de ouvir.
- Este relacionamento de Alaster pode se tornar um problema. - Alertou meu pai.
- Já é um problema! Você sabe muito bem o que pode acontecer se isto chegar à Corte Françesa, Aldebaran. - Bravejou minha mãe.
- O que pode não, o que irá acontecer. Se a Corte souber que nos misturamos com plebeus, aliás, pior do que isso, com uma courtesan, não teremos mais nossa posição. Fora a imagem que todo o país terá perante ao resto da Europa. Agora eu lhe pergunto, o que faremos Desiré? - Indagou meu pai.
- E pergunta a mim?! Você é o homem desta família e o pai dele! Fale com ele, apresente-o a novas mulheres eu não sei, mas não irei admitir uma prostituta em meio a nós, NUNCA! - Exclamou minha mãe.
- Primeiro, acalme-se. O filho também é seu Desiré e eu não vou tomar parte disto sozinho, a responsável por não tê-lo impedido de sair aquele dia foi você! - Acusou-a.
- Agora a culpa é minha? Você nunca foi firme com ele, sempre o tratou como o bonequinho frágil da família. Agora estamos pagando um alto preço por tal erro, que você cometeu! Aquele pirralho mal agradecido, sempre teve tudo que quis sem precisar ao menos pedir. Não vale sequer meio quilate do berço de ouro que recebeu quando nasceu. - Retrucou de volta.
- Chega! Isto não nos levará a lugar algum, estive pensando e me lembrei de algo. - Pensou.
- O que? - Indagou minha mãe.
- A Princesa Inglesa também estava presente na festa que demos há dois meses e ela também está solteira não é? - Lembrou meu pai.
- Sim. - Disse minha mãe pensativa.
- Pronto! Já tenho a solução, vamos fazer com que Alaster se case com ela. Nem mesmo a rebeldia de Alaster pode desafiar isso.
- É por isto que me casei com você Aldebaran, você é um gênio! - Disse minha mãe com um enorme sorriso em seu rosto. Já eu quando ouvi aquilo, minha única vontade foi de degolar os dois e dar seus restos mortais para os cães de guarda de minha mansão, nem que eu tivevesse que ser deserdado, nem que eu tivesse de mudar meu nome, eu não me casaria com uma porca inglesa, isso jamais.
A raiva tomou conta de mim por completo, mas a pouca razão que havia me restado me dizia para sair dali naquele exato momento e ir para o Le Chat Noir. Sem qualquer dúvida foi exatamente o que fiz, corri para o Hall principal onde estava Argost perambulando sem direção, como se me esperasse.
- Olha só quem apareceu, o cãozinho da prostituta! - Provocou colocando-se sobre meu caminho
- Saia da minha frente agora. - Ordenei.
- Está com pressa? Nem ao menos conversamos sobre sua namorada irmãozinho, soube que ela mora naquele famoso clube na cidade, Le Chat Noir, é isso não é? - Continuou provocando.
- Saia da minha frente agora. - Ordenei mais uma vez.
- Sabia que eu fui até lá um dia e a vi, a que chamam de Juliete não é? Realmente ela é muito bonita, você tem muito bom gosto irmão! - Continuou piorando suas palavras.
- Saia-da-minha-frente-agora! - Ordenei pela última vez.
- Sabia também que sua fama é de ser a melhor prostituta de toda a França? Eu pude confirmar isso pessoalmente! - No segundo seguinte após Argost ter terminado de falar um enorme e súbito surto de raiva tomou conta de mim que me fez pegá-lo pelo seu pescoço e investi seu corpo com toda minha força sobre o grande espelho do Hall Principal entorpecendo-o.
- Suas palavras são tão covardes quanto você! Só não o mato agora porque você não vale mais do que os vermes que vão se alimentar desse seu maldito corpo Argost e por mais que me desse muito prazer em fazê-lo, não vou carregar este peso para sempre. Mas que fique avisado: se chegar perto dela denovo, EU ACABO COM VOCÊ! - Gritei segurando-o pela gola de sua camisa e soltando-o no chão tomando meu caminho de volta para fora da mansão.
- Você... Você não sabe a loucura que está cometendo Alaster, ela não ama você, ela não passa de uma courtesan, uma medíocre oportunista que encontrou um ridículo pagante. Vocês se merecem! - Exclamou Argost com dificuldade.
- No dia em que você souber o significado de uma palavra chamada amor Argost, você vai se alimentar de cada letra que está dizendo agora. - Disse saindo da mansão e me dirigindo à cidade. Mal podia acreditar em tudo que aquele desgraçado havia me dito, mas tudo só me provou uma coisa: o quanto eu a amava. No caminho do Le Chat Noir havia uma joalheria, onde vi uma linda pulseira de safiras que fiz questão de comprar para Juliete. Até hoje não sei o por que de ter feito aquilo, mas aquelas pedras preciosas me lembravam demais o seu olhar, acho que foi por isso, mas não importa. O que era realmente importante seria o que eu precisava dizer a ela, algo que pensei durante minha ida ao clube. Chegando ao local fui cumprimentado como de costume por várias Courtesans que já não me assediavam mais pois sabiam quem eu realmente queria, mas ao mesmo tempo, não pareciam decepcionadas com tal fato. Todas menos uma: Daphné, que se apresentou alguns dias após eu ter ido ao Le Chat Noir pela primeira vez.
- Olá meu Duque, como vai? - Disse ela aproximando-se de mim.
- Vou muito bem obrigado. - Respondi friamente me sentando em uma mesa tirando-a de meu caminho.
- Notei que o senhor trouxe um presente, posso saber para quem é? - Disse olhando para mim se segurando nas bordas da mesa expondo seu grande decote e o aproximando discretamente.
- Eu preciso mesmo responder? - Me aproximei de seu rosto encarando-a.
- Claro, há muitas courtesans aqui, pode ser um presente para qualquer uma de nós. - Abriu um sorriso amarelado em seu rosto não se intimidando com meu olhar.
- É uma pena ou muita sorte que nem todas sejam como você não é Daphné? - Continuei a encarando.
- Eu diria que é muita sorte, posso ser diferente de todas. - Me olhou de forma provocante acariciando minhas pernas.
- Todas vocês são Courtesans, todas são iguais e você não é melhor que qualquer uma aqui. A propósito o show vai começar e vou ter que desviar minha atenção de você, então se não for pedir muito, suma daqui. - Ironizei desviando meu olhar para o palco.
- Que desperdício. - Resmungou Daphné irritada indo em direção ao bar. Após o término do show, da mesma forma discreta de sempre me dirigi ao quarto de Juliete a esperando. Enquanto ela não chegava, resolvi olhar sua vista pela janela e nunca havia visto Paris de um ângulo como aquele, onde a fama de Cidade Luz se fazia confirmar por completo, era algo divino!
- Demorei muito? - Disse ela sussurrando em meu ouvido e me abraçando por trás.
- Sem atrasar um segundo como sempre. - Sorri.
- Então, o que o meu Duque quer de mim hoje? - Perguntou encostando-se em mim.
- Hoje precisamos conversar. - Respondi me virando de frente.
- Pois então, vamos conversar! - Afirmou ela me puxando para sua cama segurando minhas mãos-
- Bom, primeiro eu gostaria de lhe dar isto. - Retirei do meu bolso a caixinha com sua pulseira abrindo-a e a mostrando.
- Alaster... Isso é lindo! Me desculpe mas não posso aceitar. - Disse ela com um enorme sorriso em seu rosto e um lindo brilho em seu olhar.
- Me desculpe mas você vai aceitar sim, só não fiquei cego por que não custou os olhos da cara. Mas me lembrei muito de você quando vi esta pulseira. Ela me lembra seus olhos. - Disse colocando a jóia em seu pulso.
- Você não presta sabia?! - Disse ela rindo. - Muito obrigado, meu Duque. Alaster, suas mãos estão machucadas! O que houve? - Perguntou assustada vendo os cortes causados pelo meu desentendimento com Argost.
- Está tudo bem meu anjo, estava fazendo um drink que levava limões na receita então na hora de cortá-los acabei me ferindo. - Menti.
- E onde estavam seus empregados para fazê-lo para você? - Perguntou indignada.
- Quem precisa de empregados? Eu tenho minhas mãos! - Afirmei.
- Acho que preciso colocar juízo na cabeça do senhor, mas me diga o que queria conversar comigo.
- Juliete... - Olhei em seus olhos.
- Alaster. - Olhou de volta.
- Vou ser direto e claro, minha família não está gostando nada disso que está acontecendo entre nós e por isso eles querem que eu me case com a Princesa da Inglaterra.
- Prossiga. - Disse com um atento olhar de desespero e decepção.
- Mas, estou apaixonado por você. Tenho certeza disso pois em cinco meses que venho aqui, não há mulher que eu deseje mais do que você. Então, quero lhe pedir uma coisa. - Olhei em seus olhos.
- Peça. - Disse ela trêmula segurando minhas mãos.
- Minha courtesan, quer se casar comigo? - A encarei e apertei um pouco suas mãos.
- É isso mesmo o que quer? Abrir mão de uma princesa, de uma vida ao lado de alguém como você para viver com uma courtesan, uma mulher que vive para satisfazer outros homens? - Indagou.
- A única que é como eu é você, não ligo de ser uma Courtesan, mas terá de ser a minha. - Segurei seu rosto.
- Então, sim. - Respondeu ela segurando uma das minhas mãos e não desviando seu olhar do meu.
- Eu juro, que se necessário, eu abro mão do meu próprio nome para ficar com você, eu te amo! - Disse a abraçando.
- Eu também amo você, demais! - Correspondeu ao meu abraço. E assim, é que um homem realmente toma as rédeas de sua própria vida.

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