quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Afterlife - Parte 4


Depois de tudo que vi e escutei voltei para o meu quarto no hospital e dormi um pouco. No dia seguinte acordei com uma forte dor em meu ferimento, mas ignorando-a me levantei e fui em direção à janela do quarto para observar a cidade. Tudo aqui era tão calmo e tranquilo, realmente é o lugar perfeito para ficar por toda a eternidade, mas eu não a queria ainda; o meu lugar não é aqui agora. Porém, por mais que quisesse voltar, algo me fazia querer ficar no Zero. Não sei explicar o que é, me fazia sentir um conforto semelhante ao colo de uma mãe quando abraça seu filho, na paz de um amor materno. Mas eu precisava voltar, tinha que fazer o que nem ao menos tive chance de começar: a minha própria vida.

- Está pensando alto demais jornalista! - Disse Ícaro surgindo no quarto e encostando-se na porta.

- Nem depois de morto tenho privacidade? - Resmunguei encarando-o.

- Você irá se acostumar, mas diga-me, como foi sua primeira noite aqui?

- Ótima, a não ser pela dor de cabeça que está me matando!

- Te matando? Ora Vincent, já se esqueceu que ela já te matou? - Brincou Ícaro.

- Engraçadinho, mas falando nisso se estou morto, por que ainda sinto dores?

- Este é o motivo da minha visita.

- Sou todo ouvidos.

- Pois bem, trago notícias que vão lhe interessar muito. Notícias vindas diretamente da Terra, Vincent.

- Da Terra?! - Exclamei.

- Sim, e ela explica o porquê de você ainda sentir tantas dores.

- E qual é essa notícia?

- Vincent, seu corpo não morreu. - Parei por um instante e me aproximei de Ícaro.

- Como assim não morreu?

- No momento do acidente, você desencarnou. Mas como seu corpo não havia morrido, seu espírito ainda está ligado a ele. Por isso você despertou no hospital, para se recuperar junto com seu corpo, que aliás, também está em um hospital na Terra.

- Deixe-me ver se entendi: meu corpo está em um hospital se recuperando, eu que me encontro no estado espiritual aqui estou fazendo a mesma coisa e como meu corpo ainda está ferido na cabeça, sinto as suas dores, certo?

- Perfeitamente.

- Mas como meu corpo ainda está vivo, se estou há um dia inteiro aqui?

- Porque o tempo na Terra é mais lento do que aqui Vincent. Uma hora no plano físico corresponde a um dia aqui.

- Então, isso aumenta minhas chances de voltar!

- Tecnicamente sim, mas como eu disse, nada se consegue sem sacrifício e merecimento Vincent.

- Certo Ícaro, e eu lhe pergunto mais uma vez, o que tenho que fazer?

- Não serei eu que dirá isso a você. E sim a pessoa que me mandou dizer esta notícia e quer muito vê-lo agora.

- E quem seria essa pessoa? - Após minha pergunta, Ícaro se desencostou da porta e a abriu mostrando uma mulher com olhos iguais aos meus, mesma cor capilar e com cerca de 30 anos usando um vestido branco.

- Você cresceu. E está divinamente lindo... Meu filho.

E mais uma vez, o tempo acabava de parar para mim.

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